sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Burlas e agressões em negócio angolano de empresa de Braga à beira da falência


Escrito por Kamba de Almeida   
Burlas e agressões em negócio angolano de empresa de Braga à beira da falência
No primeiro de Maio de 2010, o governador da província do Huambo, em Angola, lançava a primeira pedra para a construção da metalomecânica Agotec, num investimento estimado de seis milhões de dólares (4,5 milhões de euros) da portuguesa Agovi com sócios luso-angolanos.
A nova unidade iria dedicar-se sobretudo ao fabrico de turbinas hidroeléctricas. Chegou a investir mais de um milhão de euros no projecto, mas nem uma produziu. Actividade real durante todo este tempo: oficina de mecânica e pintura automóvel. Está agora em liquidação.
O que falhou? A parte intangível desta história é feita de alegadas burlas, suspeitas tomadas de capital e bens, falsificações, queixas-crime e até agressões físicas.
Francisco Morgado (na foto), presidente da bracarense Agovi, admite que a sua empresa "corre o risco de fechar portas na sequência de uma burla", alegadamente cometida pelos seus parceiros na Agotec. Garante que, apesar de ser o "sócio maioritário", desde 2011 que não consegue aceder às instalações fabris em Angola nem reaver os equipamentos, que foram comprados à Agovi e pelos quais nada recebeu.
"Os prejuízos ultrapassam já mais de meio milhão de euros", contabiliza.Na sua ausência, sustenta, "os sócios apoderaram-se da empresa, acumulando dívidas inexplicáveis face ao volume de negócios e extorquindo a empresa para benefício pessoal". E alega que, em Fevereiro de 2012, "falsificaram uma escritura pública".
Diz que viria a conseguir que a mesma "fosse anulada, repondo a legalidade", mas "os bancos não aceitaram a nova certidão, e continuam a não permitir o acesso e a movimentação das contas da empresa, sendo coniventes com o crime por outros cometido".Os sócios luso-angolanos devolvem todas as acusações.
"Esse é um senhor da pior espécie. Nós somos pessoas de bem", começa por retaliar Ana Paula Andrade, funcionária da ONU em Angola e que detém 12,5% da Agotec, uma participação igual à do seu irmão, Eduardo Andrade, que é director provincial da Energia e Águas do Huambo.
"O Sr. Morgado é que conseguiu burlar os sócios", atira. Exemplo: "Entendeu unilateralmente enviar os equipamentos para a Agotec, tendo-os vendido como novos, por 500 mil euros, quando, numa auditoria que mandámos fazer, se verificou que os mesmos tinham cerca de 20 a 30 anos e foram avaliados em apenas 117 mil dólares (87 mil euros).
" Quanto à tal escritura, que determinou a passagem do controlo da empresa para os outros dois sócios (Jaime e Maria Menezes), afiança que a mesma nem sequer tem a assinatura de Morgado, tendo sido efectuada com base numa acta aprovada pelo mesmo. E desfia uma série de alegados "atentados à legalidade" cometidos pela família Morgado, inclusive a agressão física de um dos seus filhos a Eduardo Andrade.
"Temos processos cíveis e criminais a correr nos tribunais de Angola contra o Sr. Morgado." A Agovi está em Processo Especial de Revitalização, com dívidas de um milhão de euros, sendo que "os incobráveis ultrapassam esse valor e tem em Angola a maior fatia", diz Morgado. A empresa, que facturou seis milhões e laborava com 70 pessoas em 2008, fechou 2012 com vendas de 700 mil euros, prejuízos de 447 mil euros e 20 trabalhadores.
Jornal de Negócios
http://www.radioculturaangolana.com
Imagem: Francisco Morgado

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